Anfavea projeta alta em 2019 mesmo com crise argentina

    [Fonte: Valor Econômico]

    Em recuperação após a forte queda durante o período de recessão da economia brasileira, a indústria automotiva projeta o terceiro ano consecutivo de crescimento na produção e nas vendas de veículos. A situação das exportações, entretanto, após atingir seu auge em 2017, deve continuar a ser afetada pela crise argentina.

    A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informou ontem que espera crescimento de 9% na produção de veículos no país em 2019 e um avanço de 11,4% nas vendas internas. Em unidades, a expectativa é de que o volume produzido atinja 3,14 milhões de unidades e as vendas para o mercado doméstico somem 2,86 milhões de veículos.

    No ano passado, a produção de veículos no Brasil cresceu 6,7% em relação a 2017, para de 2,88 milhões de unidades. As vendas de veículos no país atingiram 2,57 milhões de unidades em 2018, um avanço de 14,6%.

    A expectativa de crescimento está ligada ao desempenho do mercado interno, uma vez que as vendas para o exterior não apresentaram um bom resultado no ano passado e devem continuar sofrendo neste ano. As projeção são que exportações cheguem a cerca de 590 mil unidades em 2019, caindo 6,2% em relação a 2018.

    Após atingir seu recorde histórico em 2017, a exportação de veículos registrou queda significativa no ano passado. Foram embarcados 629,2 mil veículos durante o ano, recuo de 17,9% na base anual. Em receita, as vendas para o mercado externo atingiram US$ 14,5 bilhões em 2018, queda de 8,6%.

    “Como a gente mostrou nos últimos meses, o segmento de exportações continuou fraco. A Argentina deve continuar com alguns problemas, fechou o ano abaixo de 800 mil unidades, e com isso a gente sofreu muito”, afirmou Antonio Megale, presidente da Anfavea. Além da Argentina, as vendas para o México foram afetadas no ano passado.

    O país vizinho ainda sofre com a crise econômica que se deteriorou no primeiro semestre de 2018 e derrubou as expectativas dos dois países de um bom desempenho da indústria automotiva local, quando se esperava que o mercado local movimentasse cerca de 1 milhão de veículos novos.

    “Nós acreditamos que a Argentina vai continuar enfrentando dificuldades”, disse Megale. “A nossa previsão é de que o mercado da Argentina vai ficar abaixo de 700 mil veículos. E 70% das nossas exportações são para a Argentina.”

    Por segmento, as vendas de automóveis devem avançar 11,3%, para 2,75 milhões de unidades, e a de veículos pesados (caminhões e ônibus), 15,3%, para 105 mil unidades.

    No ano passado, o maior destaque veio das vendas de caminhões, que subiram 46,3%, para 76 mil unidades, e de ônibus, que avançaram 28,3%, para 15 mil unidades. Para os veículos leves, a alta foi de 13,8%, para 2,47 milhões de unidades. Megale destaca que o desempenho em caminhões está ligado ao crescimento dos modelos extrapesados, voltados principalmente para o agronegócio.

    O nível de emprego na indústria automotiva cresceu 1,7% em 2018 em relação ao ano anterior, totalizando 130,45 mil empregados. Na comparação com novembro, entretanto, foi registrada queda de 0,6%. A entidade atribui a redução recente a cortes e aposentadorias pontuais em diversas montadoras.

    Sobre o próximo governo, a entidade manteve o otimismo, ressaltando a promessa feita pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, de que a indústria manterá um canal direto com a pasta. Com relação ao Rota 2030, Megale voltou a elogiar os termos do acordo, e projeta que as últimas portarias em relação ao programa automotivo devam ser publicadas nos próximos dias.

    “O Brasil claramente está num caminho de recuperação e agora com um novo governo a gente espera que mantenha esse caminho, tanto que nossas projeções são de crescimento”, comentou o presidente da Anfavea.