Japão: governo acusa Mazda, Suzuki e Yamaha por testes falsos

    [Fonte: Notícias Automotivas]

    O governo do Japão novamente teve que se manifestar sobre o escândalo de certificação dos veículos produzidos no país e dessa vez envolveu até motocicletas. Como se sabe, recentemente o país oriental tem enfrentado uma situação delicada e embaraçosa diante do cenário mundial, visto que a qualidade de seus processos de fabricação, sempre de mais alto nível, foram colocados em questão.

    Após casos comprovados de certificação inadequada de veículos saídos da linha de montagem, fato que ocorreu com Nissan e Subaru, por exemplo, agora o Ministério da Terra, Infraestrutura e Transportes acusou o mesmo procedimento irregular em outros três fabricantes de veículos, sendo eles Mazda, Suzuki e Yamaha.

    O governo diz que as três empresas certificaram carros e motos que tiveram dados de consumo e emissão registrados de forma errada, em velocidades incompatíveis com os testes padronizados. Mesmo com discrepâncias nos resultados, esses veículos receberam o “OK” na inspeção final e foram para as revendas.

    Dos três, o caso mais grave foi da Suzuki, que dê 12.819 veículos selecionados para a inspeção de consumo e emissão, metade estava irregular e mesmo assim saíram das fábricas em direção aos clientes. Na Mazda e Yamaha, o percentual foi de 4% e 2% do total selecionado, respectivamente, mas os volumes não foram divulgados.

    Também não se sabe desde quando os carros e motos com dados errados foram colocados nas ruas por Mazda e Yamaha, visto que a Suzuki recordou o fato até 2012. A suspeita é que possa haver mais veículos dessas duas marcas com irregularidades na certificação. Analistas observam que a Nissan, por exemplo, acusou um procedimento errado de inspeção final desde 1979.

    No caso da Mitsubishi, fazia bem mais de uma década que a calibração maior nos pneus, fazia seus carros ficarem mais econômicos e limpos, o que resultou num escândalo que a fez cair nas mãos da Nissan, agora sua controladora e de quem partiu a suspeita de discrepância nos resultados.

    O processo de certificação no Japão é rigorosamente imposto pelo governo, que exige qualificação destes técnicos, porém, existe uma filosofia dentro das empresas nipônicas onde funcionários com mais tempo de casa e maior experiência em diversas áreas, acabam sendo promovidos para a função de inspetor de qualidade mesmo sem passar por treinamento, quase como um prêmio por sua longa carreira.

    Há também denúncias de que inspetores assinam laudos de funcionários não qualificados para a função e até aprovação de discrepâncias. Para as três marcas, todos os resultados possuem diferenças mínimas que não configuram um recall, por estarem dentro dos parâmetros. Assim, a prática, mesmo apontada pelo governo, não é considera crime, ainda mais se os carros (e motos) foram de exportação, já que a regra de inspeção rígida é para produtos “JDM”.

    Mas, essa “cultura” agora está sendo colocada em xeque com a revelação de milhares de carros que foram aprovados quando na verdade deveriam ter retornado para as linhas de montagem. No caso da Nissan e Subaru, os dados falsos foram suficientes para gerar recalls no país. Para piorar as coisas, as empresas Kobe Steel, Toray Industries e a Mitsubishi Materials Corp forneceram matéria-prima para a produção de carros com qualidade abaixo do padrão exigido pelo Japão.