Após oito anos e quase 800 mil unidades vendidas no mundo, o Range Rover Evoque estreia no Brasil a segunda geração tentando repetir o sucesso do antecessor. Embora a única versão disponível por aqui ultrapasse a barreira dos R$ 300 mil, o SUV aposta na tecnologia e versatilidade fora do asfalto como argumentos de venda e provar que é mais que um carro de visual invocado para passear na cidade.
Apesar de algumas semelhanças visuais com o modelo anterior, o novo Evoque é construído sobre a inédita plataforma PTA (Premium Transverse Architecture). A estrutura foi desenvolvida com maior quantidade de aços de alta resistência para reduzir o peso e deixar o SUV 13% mais rígido. Esse projeto também foi pensado para o uso de propulsão híbrida sem interferir no espaço interno e na dinâmica do carro.
Nesta geração, o Evoque manteve os 4,37 metros de comprimento, mas ganhou um centímetro na largura (2,10 m) e 2,1 cm no entre-eixos (2,68 m). A altura foi reduzida em 1,1cm (1,64 m), enquanto o porta-malas está 16 litros mais espaçoso (591 litros).
Ainda que chame a atenção pelas linhas inspiradas no irmão maior Velar, o novo Evoque não impressiona como o antecessor. No entanto, compensa essa perda de personalidade abusando da tecnologia em praticamente todos os recursos possíveis.
Começando pela motorização Ingenium de quatro cilindros 2.0 turbo a gasolina de 300 cv de potência e quase 41 kgfm de torque, auxiliada pelo sistema híbrido leve. Um propulsor elétrico de 14 cv e 14,2 kgfm, conectado por uma correia ao virabrequim da unidade a combustão, ajuda a mover o SUV no uso urbano e fornece força extra em acelerações e retomadas.
O sistema ainda faz as funções de alternador, motor de partida e alimenta os demais componentes elétricos, reduzindo para 12V a tensão da energia armazenada na bateria de 48V instalada sob o assoalho do carro. O Evoque não é capaz de se locomover apenas com eletricidade como um híbrido convencional, mas a Land Rover diz que a assistência reduz o consumo de combustível em até 6%.
A tecnologia também está presente na nova geração do sistema de tração Terrain Response. No Evoque, o recurso pode adaptar automaticamente os parâmetros do motor e transmissão interpretando por conta própria as condições do terreno percorrido.
Deixando o conjunto motriz um pouco de lado, outro grande barato do Evoque é a integração das telas do painel de instrumentos, central multimídia e console central. O motorista pode configurar diversos modos de visualização, projetando as principais funções do carro no visor à sua frente e usando o sistema de entretenimento para o GPS ou aplicativo de navegação, por exemplo. Nessa situação, as informações da multimídia são reproduzidas na tela à frente da alavanca de câmbio.
Durante o primeiro contato com o novo Evoque, foi possível submetê-lo a condições urbanas e rodoviárias. Nem é preciso dizer que o motor de 300 cv tem potência de sobra em viagens. Com três adultos e alguma bagagem a bordo, o SUV esbanjou fôlego em ultrapassagens e retomadas nas estradinhas sinuosas na região de Pardinho, no interior de São Paulo. Nesta geração, o SUV aparenta estar mais macio que o antecessor, porém, manteve o comportamento direcional exemplar em curvas e velocidades mais altas.
O isolamento acústico é outro ponto que merece elogios. Apesar das grandes rodas de 20 polegadas, a cabine filtra bem os ruídos de rodagem mesmo rodando sobre o asfalto mal conservado das estradas secundárias que as concessionárias de rodovias ignoram enquanto o estado não assume a manutenção.
Com adversários do quilate de Audi Q5, Porsche Macan e Volvo XC60 apontando a mira para o Evoque, a Land Rover fez questão de mostrar que o seu SUV é capaz de ir além dos passeios ao shopping center. É muito pouco provável que alguém coloque um SUV de mais de R$ 300 mil na lama, mas o Evoque provou que não passa aperto nas estradinhas de chão batido que levam até a fazenda ou à casa de praia.
Como dissemos anteriormente, o modo Auto do sistema Terrain Response faz praticamente tudo sozinho para adaptar o carro ao piso. Durante o teste-drive, rodamos por diversas estradas de cascalho onde a nossa maior preocupação era evitar que alguma pedra pontiaguda rasgasse os pneus. Fora isso, o Evoque aproveitou bem o torque do motor para superar ladeiras íngremes e pequenos barrancos. Capaz de atravessar alagamentos de até 60 centímetros de profundidade (mesma medida da maioria das picapes médias), o SUV também tirou de letra na hora de passar por alguns cursos d’água no caminho.
Câmeras instaladas pela carroceria ajudam a enxergar até mesmo sob o veículo. Um sistema chamado “capô invisível” mostra o caminho na tela da central multimídia, como se não tivesse o motor na frente do carro (imagem abaixo).
Outra câmera projeta no espelho interno o que se passa atrás do SUV, auxiliando o motorista quando o vidro de trás estiver obstruído por algum objeto alto ou passageiros.
Há também um tipo de piloto automático off-road, que acelera o carro até uma velocidade pré-definida. O motorista precisa se atentar somente à direção e freios enquanto o sistema controla sozinho a distribuição de força e tração entre as rodas.
Por ora, o novo Evoque é vendido apenas na configuração topo de linha P300 HSE R-Dynamic de R$ 312.900. Esse valor dá direito ao piloto automático adaptativo, assistências de ponto cego e manutenção em faixa, sistema de estacionamento automático, seis airbags, bancos revestidos em couro Windsor, sistema de som Meridian, câmeras de ré com visão 360º, entre outros. Mas essa conta pode chegar a R$ 322.300 acrescentando a coluna de direção com regulagem elétrica, pintura metálica e o pacote Black (detalhes externos na cor preta).
O Evoque evoluiu em praticamente todos os aspectos, inclusive no preço. O SUV ganhará ainda este ano versões mais em conta (na faixa dos R$ 270 mil), equipadas com a motorização 2.0 turbo flex de 250 cv de potência.
Teste-drive a convite da Jaguar Land Rover
Fotos: Guilherme Silva e Divulgação
FICHA TÉCNICA |
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Carroceria | Monobloco em aço, cinco portas, cinco lugares |
Motor | Dianteiro, transversal, comando duplo variável, turbocompressor, injeção direta, a gasolina |
Número de cilindros | 4 |
Número de válvulas | 16 (quatro por cilindro) |
Taxa de compressão | 9,5:1 |
Cilindrada | 1.998 cm³ |
Potência | 300 cv a 5.500 rpm |
Torque | 40,8 kgfm de 1.500 a 4.500 rpm |
Transmissão | Automática de nove marchas |
Tração | Integral sob demanda |
Direção | Elétrica |
Suspensão dianteira | Independente McPherson |
Suspensão traseira | Independente multilink |
Pneus e rodas | 235/50R20, liga leve 20″ |
Freios dianteiros | Discos ventilados com ABS e EBD |
Freios traseiros | Discos sólidos com ABS e EBD |
Tanque de combustível | 67 litros |
Volume do porta-malas | 591 litros |
Altura | 1,64 m |
Comprimento | 4,37 m |
Largura | 1,90 m (sem espelhos) |
Entre-eixos | 2,68 m |
Peso em ordem de marcha | 1.850 kg |
Ângulo de entrada | 20,8º |
Ângulo de saída | 30,6º |
Ângulo de ruptura de rampa | 20,7º |
Altura livre do solo | 21,2 cm |
Inclinação máxima de subida e descida | 45º |
Inclinação lateral | 35º |
Diâmetro de giro | 11,6 m |
Coeficiente aerodinâmico (Cd) | 0.33 |
Aceleração 0 a 100 km/h | 6,6 segundos |
Velocidade máxima | 242 km/h |